A busca pela verdade sobre o passado colonial
Portugal está enfrentando o desafio de confrontar seu passado colonial e seu envolvimento no tráfico de escravos. O país tem uma longa história de negação de seu passado colonial, com muitos acreditando que o tráfico de escravos era um problema exclusivamente brasileiro1. No entanto, Portugal explorou o tráfico de escravos por quase 400 anos, e as consequências da escravidão e do racismo no Brasil são um legado português1.
Monumentos e memória
Recentemente, o país tem enfrentado pressão para reconhecer e se desculpar por seu papel no tráfico de escravos. Um exemplo disso é a construção de um memorial às vítimas da escravidão em Lisboa, projetado pelo artista angolano Kiluanji Kia Henda e financiado pelo conselho da cidade3. O memorial, composto por fileiras de cana-de-açúcar pintadas de preto, pretende garantir que a tragédia do tráfico de escravos nunca desapareça da memória1.
Educação e combate ao racismo
O governo português está trabalhando para combater o racismo e desmantelar os mitos coloniais que o sustentam. O currículo escolar atual inclui obras de autores não apenas de Portugal, mas também do mundo lusófono, e desde 2017, alunos a partir dos 10 anos de idade têm aprendido sobre colonialismo, escravidão, memória histórica e a importância da interculturalidade1. Além disso, o plano nacional de combate ao racismo, aprovado em 2021, reconhece plenamente a existência de racismo sistêmico e estrutural em Portugal, que é um legado do colonialismo e da escravidão1.
Reflexão sobre a identidade nacional
É importante que Portugal adote uma compreensão mais complexa de sua história e de como a presença africana contribuiu para a identidade do país. O historiador e curador Paul Gardullo argumenta que Portugal não deve se concentrar em um passado mítico de 500 anos atrás como uma era dourada, mas sim pensar em si mesmo agora e em seu papel no mundo, abraçando uma visão mais completa e inclusiva de seu passado1.