A proximidade ao Aeroporto de Lisboa tem revelado sérios riscos à saúde dos moradores locais, conforme apontam estudos recentes. A exposição contínua às partículas ultrafinas (UFPs) emitidas pelos motores dos aviões está associada a um aumento significativo de doenças como hipertensão, diabetes e demência.
Essas partículas, menores que 0,1 micrômetro, são capazes de penetrar profundamente no corpo humano, atingindo órgãos vitais como o cérebro e a placenta. A pesquisa indica que a exposição a essas partículas pode estar ligada a até 280.000 casos de hipertensão, 330.000 de diabetes e 18.000 de demência em toda a Europa.
A falta de regulamentação específica para os níveis seguros de UFPs no ar agrava a situação. Apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter identificado essas partículas como um poluente emergente há mais de 15 anos, ainda não há normas claras para controlar sua presença no ambiente. Isso é particularmente preocupante para as populações que vivem ou trabalham nas proximidades dos aeroportos, onde a concentração dessas partículas pode ser comparável à de centros urbanos movimentados.
Além dos impactos diretos na saúde, a questão também levanta preocupações sociais, pois as áreas mais afetadas geralmente coincidem com regiões de menor renda. Isso sugere uma crise de saúde pública negligenciada, onde o crescimento do setor de aviação e as viagens de negócios têm sido priorizados em detrimento da saúde das populações mais vulneráveis.
No entanto, há soluções viáveis para mitigar esse problema. A utilização de combustíveis de melhor qualidade pode reduzir a emissão de UFPs em até 70%. Esse processo, conhecido como hidrotratamento, já é utilizado para remover enxofre dos combustíveis de carros e navios e poderia ser implementado na aviação a um custo relativamente baixo.
A adoção dessas medidas poderia representar um avanço significativo na proteção da saúde pública, reduzindo drasticamente a poluição causada pelos aviões e melhorando a qualidade de vida dos moradores próximos aos aeroportos.